Duas reportagens
da Revista O Cruzeiro (1975 e 1980)
tratam da “Cidade Sagrada da Jurema”. Em Alhandra, pequeno município ao sul de
João Pessoa, na Paraíba, está situado a “Cidade Sagrada da Jurema”. Foi nesse
local que nasceu, em 1813, José de Aguiar, o Zé Pelintra, que, ao morrer com
114 anos de idade, se tornaria um dois conhecidos mestres de linha da Jurema. São
centenas de metros quadrados a serem preservados pelas autoridades do Estado. A “Cidade
Sagrada da Jurema” é constituída apenas de túmulos dos mestres juremeiros,
envolvidos por centenas de pés de jurema. Cada mestre que morria tinha uma
semente de jurema plantada em sua sepultura. Servia como identificação para os
juremeiros. Os pés de jurema desenvolveram-se de tal forma na região, servindo
de esconderijo para os mestres sepultados, que hoje o campo nem pode servir de
pastagem para o gado.
Mas quem foi Zé
Pelintra? Descendente dos Tabajaras, José Alves de Aguiar – seu verdadeiro nome
– era filho da índia Tuiara e do escravo negro Ambrozio Aguiar. Nascido em
Estiva, município de Alhandra em 1808, para uns e 1813 para outros, viveu
sempre como agricultor trabalhando em propriedades particulares e nas horas de folga
tinha como orientador espiritual o índio Inácio de Barros, que pregava a
cultuação dos espíritos que se tornavam mestres, pela força de sua mediunidade.
José de Aguiar, vulgo Zé Pelintra, foi o mestre que mais viajou pelo interior
nordestino justificando a fama que adquiriu.
O leitor deve
estar perguntando: E o Zé Pelintra da malandragem carioca que povoa o
imaginário de milhões de umbandistas? Vamos primeiro entender o significado do
vocábulo pelintra. Nos dicionários encontramos a seguinte definição: Indivíduo pobre, mas com pretensões de aparecer;
figurar. No entanto, Dalmo Ferreira, autor do livro “Zé Pelintra – O Rei da
Noite” apresenta algo mais abrangente. Segundo o autor “pilantra” é o malandro
mais esperto e mais esperto que o “pilantra” é o “pelintra”.
O
Zé Pelintra da malandragem carioca é José Gomes da Silva que nada tem a ver com
o José Alves Aguiar, o mestre da jurema. José Gomes da Silva nasceu em
Pernambuco e chegou ao Rio de Janeiro com 17 anos de idade, em 1917,
proveniente do Recife e se tornou um dos mais famosos malandros da Lapa e do
Estácio. O que o dois tem em comum é o nome José. Quem desejar conhecer mais
sobre a vida do Zé Pelintra da malandragem carioca leia a obra de Dalmo
Ferreira.
As
imagens a seguir mostram o Babalorixá Carlos Leal (já
desencarnado) em preparativos para ritual da Jurema. Em seguida o mesmo
Babalorixá diante do tumulo de Zé Pelintra na “Cidade Sagrada da Jurema”. E
ainda, o famoso Pai José Ribeiro incorporado com Zé Pelintra juremeiro e a
imagem tradicional do Zé Pelintra da malandragem carioca.
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