Jornal Zona Sul,
12 de maio de 1989, n. 552
Esta matéria e entrevista com Diamantino
Fernandes Trindade foi publicada também nos jornais de bairro: Jornal Bibi
Augusta, Jornal Brooklin News, Jornal do Morumbi, Jornal Interior News, Jornal
Higienópolis News e Jornal Butantã News, em São Paulo. Estes periódicos eram
tinham a edição de Ronaldo Aun G. Côrtes.
Para falar de Umbanda temos antes de
conhecê-la, e para isto procuramos entrevistar Diamantino Fernandes Trindade,
um dos maiores pesquisadores da Umbanda no Brasil, juntamente com Ronaldo
Antonio Linares. Antes de nos aprofundarmos no assunto, vamos conhecer um pouco
deste nosso velho amigo Diamantino.
Diamantino nasceu em Portugal em 1950
vindo para o Brasil em 1954, onde fixou residência com seus pais. Tornou-se um
brasileiro autentico, casou-se e é pai de duas lindas meninas: Andréa e Ana
Paula. Cursou em nível universitário a Faculdade de Química Oswaldo Cruz, a
Universidade Mackenzie onde fez o curso de Estudos Brasileiros. Leciona
atualmente, como professor universitário, nas Faculdades Oswaldo Cruz,
Faculdades da Zona Leste e Universidade de Guarulhos. Em 1980, Diamantino
iniciou sua carreira de escritor, sendo o primeiro livro Química Básica Experimental, que era o primeiro de uma série de 23
livros, nas áreas de Química, Tecnologia e Umbanda, e mais dois no prelo.
Dentre os publicados na linha de ciência e tecnologia, destacamos: Matemática Industrial, Tecnologia Mecânica e Como Fazer Perfumes (já em sua sexta
edição).
Em 1980, quando Diamantino teve sua veia
de escritor despertada, também seu lado místico começou a revela-se.
Diamantino, filho de católicos e católico fervoroso praticante ficou receoso
com fatos que vinham acontecendo. Foi levado por amigos ao Templo Espiritual de
Umbanda Ogum Beira Mar em São Bernardo do Campo e a Federação Umbandista do
Grande ABC, em São Caetano do Sul, conhecendo Ronaldo Linares, presidente da
mesma. Diamantino relutou, mas deixou que a sua mediunidade florescesse,
transformando-se em um médium não apenas de fama respeitabilíssima, mas também
em um profundo pesquisador de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros. Após alguns
anos de pesquisa passou a escrever alguns livros sobre Umbanda. Os primeiros
foram Iniciação à Umbanda, em dois
volumes, que são considerados pelos maiores conhecedores da literatura
umbandista, como o ponto de partida para aqueles que desejam conhecer ou
iniciar-se na religião umbandista.
Nada mais lógico do que depois de
conhecermos o que é Umbanda, devemos conhecer os Orixás. Para tanto,
Diamantino, em parceria com Ronaldo Linares, escreveu a Coleção Orixás em cinco volumes. Isto pois, antes de qualquer
pessoa se aprofundar na religião, é necessário que conheça seus Orixás.
Diamantino além de professor
universitário, escritor, editor-chefe da área de Umbanda e Cultos
Afro-Brasileiros da Ícone Editora, é também vice-presidente da Federação
Umbandista do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo do Superior Órgão de
Umbanda do Estado de São Paulo, colunista do Jornal Noticias Populares, ministra cursos de formação de sacerdotes na
Federação Umbandista do Grande ABC.
Continuando nossa entrevista, procuramos
fazer a Diamantino, algumas perguntas sobre Umbanda em geral no Brasil.
Thaís – O que você
acha sobre os falsos pais de santo?
Diamantino
–
São pessoas despreparadas e que se utilizam da religião para explorar
comercialmente necessitadas de caridade.
Thaís – Você poderia
citar nomes de pais de santo respeitados?
Diamantino
–
Podemos citar, dentre os mais respeitáveis, Ronaldo Linares, sem sombra de
dúvida o mais conceituado do Brasil, Demétrio Domingues, Jamil Rachid e Pedro
Furlan além de Edison Cardoso de Oliveira, Sima Tchalian, Esmeralda Salvestro
Perusso entre outros.
Thaís – O trabalho
feito para o mal pode retornar àquele que o fez ou solicitou?
Diamantino
–
O trabalho feito para o mal fere as Leis de Deus. As Leis Divinas são
imutáveis, ocorrendo a Lei do Retorno para estas pessoas. A cada ação
corresponde uma reação.
Thaís – É correto
invocar espíritos e como se reconhece a mediunidade de uma pessoa?
Diamantino
–
A invocação de espíritos é correta desde que obedeça as leis espirituais que
regem este fenômeno, devendo ocorrer sempre em um recinto apropriado (centro
kardecista ou terreiro de Umbanda) devidamente preparado para tal. O
reconhecimento da mediunidade em uma pessoa é feito, geralmente, pelas
entidades incorporadas nos dirigentes espirituais.
Thaís – Por que os
pais de santo muitas vezes não resolvem os seus próprios problemas?
Diamantino
–
A condição de pai de santo não o torna uma pessoa especial. Ele é humano como
todas as pessoas, estando sujeito a todas as vicissitudes do dia a dia. O pai
de santo também tem suas dividas cármicas e que ninguém poderá passar por ele.
Thaís – Caso os
leitores queiram adquirir seus livros, onde poderão ser encontrados?
Diamantino
–
Nas boas livrarias ou na Ícone Editora, Rua Anhanguera 56/66, São Paulo.
Thaís – Qual a
mensagem que você deixa para os nossos leitores?
Não importa qual é a sua religião, haja
como você queria que os outros agissem com você. Deus está presente em todas e
a sua atitude com o seu semelhante é o melhor atestado da sua ligação com Deus.
Faça a caridade sem constranger a pessoa necessitada e lembre-se de que amanhã
você poderá precisar de ajuda. Que o Grande Arquiteto do Universo possa trazer
muita luz a todos vocês.
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