Matéria de W. W. da Matta e Silva publicada no Jornal de Umbanda.
AGÔ, MESTRES !
W. W. da Matta e Silva
Jornal de
Umbanda, Abril de 1955,
n. 53
É
assaz chocante, quando se faz um exame no “panorama” chamado Umbanda, através
dos ensinamentos de suas Escolas, por seus Livros ou Evangelhos...
De
um lado vê-se uma “mistura” de Africanismo e Catolicismo; de outro, Kardecismo
e o dito Catolicismo... Ou os três juntos.
E
ainda de outro, mais um “tempero” surgiu, com uma inovação, espécie de culto
esdruxulo que começa a florescer num crescendo assustador; passaram a render
“hosanas” às mais variadas estátuas de pretos e pretas velhas, índios de tipos
diferentes, isto é, de “várias nacionalidades” e as “formas” que se assemelham
a do suposto Diabo da Mitologia, com chifres, ferrão, serpentes, capas pretas e
vermelhas... que dizem ser Exus...
E
o interessante é que todas essas “ditas coisas” são tidas como expressando as
tão citadas ”mirongas”, ou as tão apregoadas verdades, desta tão mal
interpretada Umbanda de todos nós.
Mas
o que causa realmente espanto, vem de setores que se dizem altamente situados a
ensinarem essas mesmas verdades, todas elas como a lidima revelação da Lei de
Umbanda... Com a confusão que fazem de “alhos e bugalhos”...
Nesta
altura, um pequenino “eu”, de uma pequenina Tenda, dessas que certos
“iniciados” generalizaram como africanistas, “macumbistas” e outros epítetos,
sem antes se darem ao cuidado de provarem que realmente entendem de Umbanda,
porque a única “novidade” que apresentaram até agora foi o “meterem o pau”
nesse pobre africanismo, pensando que todos os Dirigentes de Tendas o
praticassem fossem analfabetos, ostentando Guias de araque...[1]
Nesta
altura, repito, um pequenino “eu” pede – AGÔ MESTRES...
AGÔ
para dizer a vossos “iluminados mentais” que dentro da verdadeira Umbanda do
momento, existem legítimos Diretores Espirituais, que tem um DOM REAL E
EXISTENTE.
Esses
são Médiuns de “fato e de direito” e seus Mestres, os Orixás da Lei, “falam,
revelam e não mentem”, os inalteráveis e reais PRINCÍPIOS que não estão
escritos ainda, nas páginas dos atuais Livros de Umbanda...
Assim,
peço AGÔ mais uma vez, oh! “mestres”, para perguntar: que Entidades, Anjos ou
Cherubins, Livros Sagrados ou Científicos, vos revelaram que a Lei de Umbanda é
“criação” de menos de dois mil anos e seus inspiradores foram os primeiros
mártires do Cristianismo, conhecidos como Santos, atualmente?...
Quem
vos disse que Ogum é São Jorge e que Ogum de Lei é São Lázaro?... Era o caso de
arranjarem mais 5 Santos para serem identificados com os Orixás que faltam para
totalizaram os 7 que dirigem esta Linha, ordenada pela Vibração Original de
Ogum...
Ou
então mais 7 vezes 7, igual a 49 Santos, para simbolizarem os ORIXÁS PRINCIPAIS
de cada Linha... E ainda por essa “lógica”, surgiria uma “Umbanda” com 365
linhas que corresponde à quantidade mínima de Santos que enchem o calendário...
Saibam
então que OGUM é o TERMO LITÚRGICO que se identificou como uma das “sete
palavras perdidas” compostas de duas sílabas ou palavras “falantes” que no
fundo vem a ser a mesma: IG ou AG, que é o AGNI dos Hindus – o Fogo Sagrado; e
AUM, OM ou UM, invocação mística do Brahmanismo que encontra sua
CORRESPONDÊNCIA FONÉTICA em OGUM que traduz essas ditas invocações místicas,
Exemplo: O FOGO SAGRADO, O FOGO DA SALVAÇÃO ou DA GLÓRIA, O FOGO DEVORADOR...
E
ainda na Cosmogonia, o FOGO ETÉREO... Em síntese é uma VIBRAÇÃO ORIGINAL.
Saibam,
portanto, que a Entidade de Jorge se identifica como Ogum de Lei, um dos sete
Orixás da Linha ou Vibração, isto é, UM igual a mais SEIS... Um dos Diretores,
um dos Patronos etc., porque todos os Orixás se identificam, precedendo os
nomes que os qualificam com o da dita vibração original que os ordenam...
Quem
vos disse ou “inspirou” ainda, oh! “mestres” das verdades ocultas (ou
ocultadas) que Jerônimo, doutor em Leis, que no ano 384 traduziu (perplexo e
duvidoso) o Novo e o Velho Testamento conhecido depois como VULGATA e que só
foi Santo, muito tempo depois, fosse a própria VIBRAÇÃO ORIGINAL DE XANGÔ... E
comandasse sozinho todos os Orixás, das 7 Legiões, cada uma com 7 Falanges, que
formam UMA das Linhas da Lei de Umbanda?...
AGÔ
para dizer-vos que XANGÔ é também uma das “sete palavras perdidas” que traduz
em si, uma das Sete Vibrações Originais, que ordenam os SETE ORIXÁS PRINCIPAIS,
inclusive o chamado Jerônimo que é um desses, isto é, chefe de Legião... E ele
se identifica como Xangô Kaô (Kaô quer dizer – a Pedra do Céu, ou o ÉTER do
Céu).
XANGÔ
ou CHANGÔ na verdadeira grafia é composto de duas sílabas ou palavras falantes;
a primeira, CHAM significa – O FOGO SUBTERRÂNEO, O RAIO; a segunda GÔ, significa – RAIO, ALMA, SENHOR;
e esses valores que compõe a dita palavra mística, traduzem – Alma do Fogo
Subterrâneo, Senhor do Raio Oculto, Senhor do Raio etc.
Ora,
“essas coisas” não são pura MITOLOGIA AFRICANA; TEM SEU VALOR COSMOGÔNICO...
AGÔ,
então, TRÊS VEZES, para terminar nestes dois exemplos dizendo que, Gregos e
Troianos podem ser donos de “quantas espécies” de umbandas queiram, fabricadas
à “sua moda” que esse pequenino “eu” não tem nada a ver com “isso”; mas não
digam nunca, POR FAVOR, que essas traduzem a UMBANDA VERDADEIRA...
Porque
existem Médiuns e chefes de Tendas que sabem distinguir Orixás, Guias e
Protetores em suas Linhas ou Vibrações certas...
E
jamais mudariam por livre “inspiração”, um Caboclo (4) Quatro Luas, que
conforme o número e a palavra que o qualifica traduz, ali pelas três horas, 4,
número par, gerado e gerador; LUA, Planeta dito feminino porque é o da
gestação, fecundação, corresponde à Vibração de YEMANJÁ – A DIVINA MÃE NA
UMBANDA, por analogia, o Eterno Feminino, a Mãe Sofia dos Teosofistas etc.
E
Pai André, Pai Joaquim, Pai José, Vovôs e Vovós, todos altamente evoluídos que
VELANDO suas “vestimentas karmanicas”, cumprem Missão, usando uma das “TRÊS
FORMAS” ordenadas na Lei, como seja, a dos Pretos Velhos que assim o fazem
debaixo de sua própria de YORIMÁ... para a já citada Vibração de Xangô; porque
demonstrariam assim uma total ausência de “conhecimento de base”.
E
nunca em tempo algum, até nos ditos “meios africanistas, se ouve afirmar que um
“preto velho” fosse chefe de uma Falange de “Caboclos” de outra vibração,
tendo, portanto, sus próprias chefias...
E
jamais oh! mestres, tornem a falar dessa SENHORA DA LUZ VELADA – UMBANDA DE
TODOS NÓS, sem pedirem AGÔ, TRÊS VEZES, para que um “véu de vossas mentes” seja
afastado e assim possam VÊ-LA, em seus VERDADEIROS PRINCIPIOS...
Um comentário:
Estou lendo seu livro. Sou Umbandista de coração. Tenho muitas perguntas. Parabéns pelo trabalho. Abraços
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